Censura, avanço da mídia eletrônica, crise econômica, e os principais fatores que estão levando ao descrédito da imprensa
Segundo informações do Atlas da Notícia mostra que 17 veículos de médio a grande alcance nacional encerraram suas atividades no Brasil entre os anos de 2018 e 2021. Neste ano (2021), foram 5 fechamentos registrados – como o jornal El País, que anunciou fim em 14 de dezembro. O periódico comunicou aos assinantes e leitores não ter alcançado a sustentabilidade econômica, apesar da audiência e número considerável de assinantes. Nos anos seguintes, de 2022 e 2023, a crise esvaziou conteúdo e qualidade profissional de comunicação.
Além do jornal espanhol, que só contava com a versão digital no Brasil, outros veículos de imprensa fecharam nos últimos três anos por reestruturações empresariais que apostam no digital. Com isso, as demissões em massa no segmento foram catastróficas. Podemos citar o Diário do Nordeste, o jornal Agora, do Grupo Folha, e a revista Época, do Grupo Globo. Dos veículos de imprensa encerrados em 2021, o Terça Livre foi o único que fechou depois de decisões da Justiça. O encerramento ocorreu depois da ordem de prisão expedida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes contra o jornalista Allan dos Santos.
Desde outubro daquele ano, todo o conteúdo do site encontra-se fora do ar.Matéria do Poder360 indica que o principal motivo para o fechamento das empresas jornalísticas é o “duopólio” formado pelo Google e pelo Facebook, a 2ª administrada pelo grupo Meta. Segundo ele, as duas empresas “engolem” as verbas de publicidade mundiais. Assim a “crise mundial do jornalismo” se deve ao modelo econômico que favorece o duopólio que “vende e exibe publicidade ao mesmo tempo”. O fato é que se não houver um modelo de remuneração das atividades jornalísticas pelas big techs em questão, a erosão do jornalismo será “gradual”.
- Para dirigentes de jornais, “existe uma instrumentalização de ataques ao jornalismo”. Eis que além da insustentabilidade econômica, o jornalismo tem sofrido ataques “fortíssimos”. “Nesse sentido, o Brasil vê a repetição de uma circunstância que nós vemos na Venezuela, na Nicarágua e no Equador”. Embora os dados sejam de 2021, levando em conta o período da pandemia, os números em 2032, estava no mesmo patamar.
Crise pode estar na esteira da ideologia da linha editorial do jornal
A disputa do espaço político, e as linhas opostas, alimentam as redações
Para o jornalista e presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI Roberto Monteiro Pinho, nas últimas décadas, ressuscitou no país velha crença de que precisava, dois ou mais veículos de grande visibilidade, ficassem em situações opostas, noticiando a favor do governismo e do outro contrário ao governo. Ocorre que ambos tinham seu grupo fiel de leitores que alimentavam as editorias, a ponto de mantê-las imunes às crises econômicas. Isso perdurou por anos, e se tornou um painel de notícias, importante para elucidar pontos vitais da administração pública. Foi sem dúvida uma era valiosa estimulada pela combustão de fascinantes colunistas e jornalistas (sem a necessidade de citar nomes), cujos conteúdos eram tese de debates em todos os níveis da nossa sociedade.
O jornalismo de qualidade fortaleceu, não apenas as redações, mas também, serve de exemplo aos jovens comunicadores, que hoje, produzem conteúdos para redes sociais a partir do smartphone. Já o jornalismo da TV aberta e por assinatura, visivelmente enveredou para a informação de laboratório, cuja posologia é de acordo com a verba publicitária, - a chamada sustentação do governo, com mídia paga, para desferir ataques a oposicionistas, a favor e de forma tendenciosa, com texto pré-concebido de forma a minimizar abusos e práticas nada saudáveis. Isso sem contar as campanhas onde fatos são eternamente explorados, em seguidas vezes, sempre pontuais, e distorcidos para esmorecer oposicionistas.
- O conceito do jornalismo raiz, nunca deixará de existir. O múnus do profissional faz dele o responsável absoluto pela notícia, lhe dá a prerrogativa de publicar, e por sua vez manter o “sigilo da fonte“. Ocorre que em todo planeta, com o advento das redes sociais, as tais fontes, se tornaram invisíveis, ao agente da informação, e publicada sem o menor critério. Isso até mesmo em sua maioria por desconhecer as leis que regram a comunicação do país e da técnica, que torna a notícia, independente, por essa razão ela deixa de ser informativa e passa a ser opinativa, por essa razão nos deparamos com as constantes fake news e levianas menções ofensivas. – Esclareceu, Monteiro.
A isenção do profissional é fator preponderante
Ao longo do século XX, os estudiosos do Jornalismo também chegaram à conclusão de que a objetividade e a imparcialidade não existem. Mas que eram conceitos a serem perseguidos. Tanto que nas redações, entre os profissionais que, de fato, produzem Jornalismo, a objetividade ainda tem crédito. Para tanto basta relembrar a declaração do presidente da CBS News, Richard Salant: “Nossos repórteres não cobrem notícias sob o ponto de vista deles. Eles as apresentam sob o ponto de vista de ninguém”.
Segundo o filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu, a perda da credibilidade jornalística é prejudicial para a sociedade e alerta para danos que podem ser irreversíveis para toda a nação e ao cidadão. Devido à proliferação das chamadas "fake news", as pessoas estão zombando do jornalismo, que a cada dia padece da perda da credibilidade.
Destaca o jornalista Roberto Monteiro Pinho, “As redes sociais é uma fábrica de leigos e ignorantes, sem conteúdo intelectual, que a essência do bom jornalista, mão se faz presente. São publicações grosseiras, sem sentido e que n[ao traduzem conhecimento para a sociedade. É mais fácil usar pessoas famosas e inventar situações alarmantes, do que realizar uma pesquisa e falar sobre o tem”.
Abreu tem monitorado os caminhos tomados pelo jornalismo, e demonstra preocupação: "o que se tem visto, infelizmente, é a falta de imparcialidade ao transmitir as notícias, o que é preocupante, pois isso está simplesmente destruindo o jornalismo. E quando se perde a credibilidade do jornalismo, perde uma nação”, afirma.
Para Fabiano, não é exagero afirmar que quando a imprensa cai em descrédito, a sociedade cai em decadência: "A imprensa sempre foi responsável por revelar ao grande público a verdade, os esquemas, as negociatas, e trazer à luz tudo que estava oculto, arquitetado nas trevas. Mas agora, na era das fake news, a imprensa tradicional padece, e está sendo vista como caluniosa, ardilosa, e defensora de sua própria agenda, tendenciosa. As pessoas estão perdendo a boa fé na imprensa e nos veículos de comunicação. Hoje, a opinião pública acredita que os jornalistas são infames, e que vale tudo pela audiência, pelos views, cliques e interesse. E isso não pode acontecer”.
Produzido por: ANIBRPress/Imagem: Arquivo.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Jornalista, escritor, CEO em Jornalismo Investigativo, ambientalista, presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI, Associação Emancipacionista da Região da Barra da Tijuca - AEBAT. Membro da ALB - Federação das Academias de Letras do Brasil, Técnico em Arbitragem. (Lei 9307/1996). Ex - Dirigente da Central Geral dos Trabalhadores – CGT, Observador para Assuntos sobre Liberdade de Imprensa no Parlamento Europeu e Direitos Humanos na ONU. Editor Executivo da Revista PeopleNews Brasil-USA. Revista ANIBRPress, Jornal Tribuna da Imprensa Online. Titular de Portais, sites, titular de blog de notícias Nacionais e Internacionais, blog Análise & Política. Repórter Correspondente de Guerra. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit. Topbooks), e dos livros e-book: “Os inimigos do Poder”, ”Mr. Trump na visão de um jornalista brasileiro”, “Quando ouço uma Canção” e “Manual da Emancipação”.
"Esta publicação opinativa encontra-se em conformidade com a LGPD, lei nº 13.709, 14 de agosto de 2018."
Contato: robertompinho@yahoo.com.br
@robertomonteiropinhooficial
Comments